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Violência doméstica: O que os agressores têm em comum?

  • Autor : Casal de Psicólogos Fernando e Jeniffer
  • 15º-set-2022
  • Psicoterapia

Violência doméstica: O que os agressores têm em comum?

 

A cada dia, ouvimos um relato de pelo menos um caso de violência doméstica, e será que esses agressores têm algo em comum?

A partir do momento em que é traçado esse perfil, as vítimas poderiam se antecipar e, por mais difícil que seja, se afastar.

Ao contrário do que muitos pensam, pode haver violência doméstica sem lesões físicas, pois pode se manifestar de diferentes maneiras: violência psicológica, verbal, financeira, sexual...

Embora seja mais e mais noticiada na mídia, a violência doméstica pode ser mantida em sigilo durante anos. E mesmo para as vítimas, esse tipo de agressão é difícil de perceber, já que ela se instala aos poucos e de uma maneira muito sutil.

O agressor, por sua vez, utiliza geralmente diversos meios diferentes para manter seu domínio sobre a vítima.

Mesmo se ela puder envolver os dois sexos, a violência doméstica afeta principalmente as mulheres, pouco importa sua cultura, seu status social ou condição financeira.

Segundo a própria OMS, a violência conjugal poderia ser explicada por relações historicamente desiguais entre homens e mulheres, onde as mulheres são desfavorecidas.

Nesse artigo, vamos mostrar as características comuns entre os agressores, o que pode ajudar muitas mulheres a reconhecer que são vítimas e assim, tentar sair dessa relação.

 

Como ocorre o ciclo da violência

Antes de listar as características comuns dos agressores, vale a pena entender como se dá o ciclo da violência.

Falamos de ciclo da violência porque o agressor e a vítima entram em um processo que se divide em 4 fases:

  • Tensão;
  • Agressão;
  • Justificativa;
  • Reconciliação.

Como o ciclo da violência se instala progressivamente, é provável que a pessoa nem perceba sua presença no início.

Na verdade, os episódios de violência são muito sutis, cujas primeiras manifestações podem parecer uma simples briga de casal: uma tensão se instala, a briga começa, alguém se desculpa, a relação volta ao normal.

Vale lembrar que a violência doméstica se baseia em uma relação desigual, na qual um dos parceiros domina o outro e onde ele obtém tudo o que ele quer.

À medida que a violência se torna mais enraizada, os episódios ficam cada vez mais próximos, os momentos de tensão mais intensos e as agressões aparecem.

Em alguns casos, as agressões podem mesmo mudar. Elas poderão, por exemplo, passar da violência psicológica à violência verbal ou ainda da violência verbal à violência financeira.

 

Ciclo completo do agressor

Fase 1: a tensão

O agressor tem episódios de raiva, ameaça a outra pessoa e fica em silêncio.

 

Fase 2: a agressão

O agressor agride a outra pessoa nos planos verbal, psicológico, financeiro, físico ou sexual.

 

Fase 3: a justificativa

O agressor busca desculpas para justificar seu comportamento.

 

Fase 4: a reconciliação

O agressor pede perdão e faz sempre promessas.

 

Ciclo completo da vítima

Fase 1: a tensão

A vítima se sente inquieta e tenta melhorar o clima.

 

Fase 2: a agressão

A vítima se sente humilhada, triste e tem o sentimento que a situação é injusta, que o outro consegue sempre o que ele quer.

 

Fase 3: a justificativa

A vítima tenta compreender as explicações, ajudar o agressor a mudar, mas duvida de suas próprias percepções e se sente responsável pela situação.

 

Fase 4: a reconciliação

A vítima dá uma chance ao agressor e muda seus próprios hábitos.

A longo prazo, o ciclo da violência tem um efeito devastador nas vítimas, uma vez que ele se produz continuamente.

Cada vez que o ciclo recomeça, as vítimas passam a colocar em questão seu próprio julgamento, perdem sua autoestima e vivem em um constante clima de terror.

Tudo isso permite ao agressor manter o controle sobre a vítima.

Entendendo agora como ocorre o ciclo da violência doméstica, vamos ver o que os agressores têm em comum.

 

Violência doméstica: O que os agressores têm em comum?

Separamos as 10 características mais comuns entre os agressores, e se você suspeitar que está em um relacionamento tóxico, talvez identifique algumas delas:

1.Baixa autoestima

Pessoas que têm uma tendência à baixa autoestima, não se valorizarem e que não se sentem amadas, a maneira de se defenderem é agredindo o outro.

2.Carência afetiva

Seja porque não receberam afeto durante a infância ou não se sentiram protegidas e amadas, são pessoas que podem se tornar potencialmente agressivas.

3.Crenças erradas

Algumas pessoas são criadas acreditando que um gênero é superior ao outro, e especificamente nesse caso, consideram a mulher como um ser inferior.

4.Dificuldade de comunicação

Nesse caso, se enquadram dois tipos de agressor: aqueles que se retraem e não estão abertos ao diálogo, ou o contrário, aqueles que gritam, falam palavrões. Essa dificuldade de se comunicar pode levar a comportamentos violentos.

5.Baixa tolerância à frustração

Pessoas que não podem ser contrariadas e têm uma baixa tolerância à rejeição, têm mais chance de desenvolver características agressivas.

6.Dificuldade para lidar com problemas

Muitos agressores encontram dificuldade em lidar com problemas e as emoções associadas, o que contribui para comportamentos violentos.

7.Ciúmes

Pessoas muito ciumentas e que sentem muitas dificuldades em confiar no outro, muitas vezes porque já foram traídas, têm um maior risco de se tornarem violentas com seus parceiros.

8.Uso de substâncias

O uso de substâncias, como álcool ou drogas, potencializa comportamentos agressivos, pois essas substâncias afetam o funcionamento do cérebro.

O uso abusivo de álcool é um fator de risco, mas não a causa da violência. Nada justifica a violência ou agressividade, pouco importa o estado da pessoa.

9.Ideias machistas

Muitos homens crescem em famílias onde o machismo é preponderante, por consequência, acreditam que o outro lhes pertence, e esse sentimento de posse pode levar a comportamentos violentos.

10.Transtornos de personalidade

A última característica do perfil de agressores é o narcisismo, que é achar que tudo gira em torno deles mesmos, e a fobia social, que é a dificuldade de se relacionar com outras pessoas.

Esses são os traços mais comuns entre os agressores de violência doméstica, mas é importante ter em mente que a pessoa que comete atos de violência não apresenta nenhum sinal de sua violência no início.

Apesar de todas essas características, não existe um tipo de perfil. O agressor pode vir de todos os meios, pode ser jovem ou velho, sedutor ou não, arquiteto ou lixeiro, analfabeto ou com doutorado.

Por mais difícil que seja sair de um relacionamento abusivo, seja qual for o motivo, é essencial estar alerta aos pequenos sinais, e se possível, buscar ajuda o quanto antes!

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